Especialistas criticam fim da reprovação escolar
A recomendação de não reprovar os alunos até o 3º ano do Ensino Fundamental, aprovada pelo Conselho Nacional de Educação desagradou especialistas ouvidos pelo Terra. A ideia do CEN é fazer um sistema em bloco único, da 1ª à 3ª série do Ensino Fundamental, e assim cada criança seria alfabetizada na idade em que se adequa melhor. Dessa maneira, para o órgão do governo, os alunos seriam estimulados a continuar na escola.
Um dos mais inovadores educadores portugueses, José Pacheco, diz que eliminar a reprovação deve ser apenas uma parte da mudança. Pacheco concorda com a ideia de contemplar o ritmo de cada criança. Mas o criador da Escola da Ponte, em Portugal, que apresenta um sistema inclusivo de ensino, não dividindo os estudantes por escolaridade, afirma que o sucesso das novas normas depende fundamentalmente da maneira com que serão aplicadas. "A formação continuada (que não permite o aluno ser reprovado de ano) pressupõe outro tipo de trabalho", opina o educador português, que também é contrário ao ensino dividido em séries. "Em um sistema em série, a aula é dirigida a um aluno médio, que não existe", completa.
O professor Cláudio Gomide, da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, campus de Araraquara, concorda que fazer das séries iniciais um bloco único não vai resolver os problemas educacionais do Brasil na sua base. "Se houver escolas mal equipadas, com professores sobrecarregados, sem equipes pedagógicas, não se está falando sério sobre uma política de educação", argumenta.
No entanto, para o especialista, não haver repetência pode, sim, estimular a presença prolongada dos estudantes em sala de aula. "Se há retenção precoce, a criança pode se convencer de que não tem capacidade para aprender, quando talvez ela apenas tenha sido mal ensinada. Outra deficiência educacional é que esse aluno vai voltar, no próximo ano, para a mesma estrutura em que não aprendeu agora, com os mesmos professores, com o mesmo material didático e na mesma escola". Gomide lembra ainda que, em relação aos números sobre a frequência escolar no Brasil, o País não está tão mal. "Porém, não basta estar no colégio. O aluno deve estar aprendendo e gostar de estar lá", destaca.
Para Karlla Mabel, coordenadora do 3º ano do Ensino Fundamental do Colégio Batista Mineiro, em Belo Horizonte, há problemas maiores no sistema educacional do que a reprovação. "Não é simplesmente facilitando o acesso a outras séries que se vai resolver a questão, fica uma bola de neve".
A coordenadora concorda que a inexistência da reprovação pode diminuir a tensão entre os alunos que querem estudar, já que precisariam se preocupar com notas e provas, além de o colégio perder a imagem que muitos alunos têm da instituição, de que ela existe especialmente para dificultar a sua vida.
Por outro lado, a medida traz também um desestímulo àqueles que não gostam da escola, já que o estudante tem certeza de que vai passar de ano. "Notamos essa atitude quando eles já têm a média necessária para passar, o rendimento escolar diminui", lamenta. Karlla lembra ainda que as crianças com facilidade para aprender os conteúdos poderiam ter o seu ensino comprometido, porque estariam na mesma aula que os colegas da progressão automática.
Um dos mais inovadores educadores portugueses, José Pacheco, diz que eliminar a reprovação deve ser apenas uma parte da mudança. Pacheco concorda com a ideia de contemplar o ritmo de cada criança. Mas o criador da Escola da Ponte, em Portugal, que apresenta um sistema inclusivo de ensino, não dividindo os estudantes por escolaridade, afirma que o sucesso das novas normas depende fundamentalmente da maneira com que serão aplicadas. "A formação continuada (que não permite o aluno ser reprovado de ano) pressupõe outro tipo de trabalho", opina o educador português, que também é contrário ao ensino dividido em séries. "Em um sistema em série, a aula é dirigida a um aluno médio, que não existe", completa.
O professor Cláudio Gomide, da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, campus de Araraquara, concorda que fazer das séries iniciais um bloco único não vai resolver os problemas educacionais do Brasil na sua base. "Se houver escolas mal equipadas, com professores sobrecarregados, sem equipes pedagógicas, não se está falando sério sobre uma política de educação", argumenta.
No entanto, para o especialista, não haver repetência pode, sim, estimular a presença prolongada dos estudantes em sala de aula. "Se há retenção precoce, a criança pode se convencer de que não tem capacidade para aprender, quando talvez ela apenas tenha sido mal ensinada. Outra deficiência educacional é que esse aluno vai voltar, no próximo ano, para a mesma estrutura em que não aprendeu agora, com os mesmos professores, com o mesmo material didático e na mesma escola". Gomide lembra ainda que, em relação aos números sobre a frequência escolar no Brasil, o País não está tão mal. "Porém, não basta estar no colégio. O aluno deve estar aprendendo e gostar de estar lá", destaca.
Para Karlla Mabel, coordenadora do 3º ano do Ensino Fundamental do Colégio Batista Mineiro, em Belo Horizonte, há problemas maiores no sistema educacional do que a reprovação. "Não é simplesmente facilitando o acesso a outras séries que se vai resolver a questão, fica uma bola de neve".
A coordenadora concorda que a inexistência da reprovação pode diminuir a tensão entre os alunos que querem estudar, já que precisariam se preocupar com notas e provas, além de o colégio perder a imagem que muitos alunos têm da instituição, de que ela existe especialmente para dificultar a sua vida.
Por outro lado, a medida traz também um desestímulo àqueles que não gostam da escola, já que o estudante tem certeza de que vai passar de ano. "Notamos essa atitude quando eles já têm a média necessária para passar, o rendimento escolar diminui", lamenta. Karlla lembra ainda que as crianças com facilidade para aprender os conteúdos poderiam ter o seu ensino comprometido, porque estariam na mesma aula que os colegas da progressão automática.
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