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A fábula pode ser vista como um excelente exercício de reflexão sobre o comportamento
humano e as vicissitudes da vida, e não como uma forma de inculcar no leitor certas “verdades”. Do ponto de vista pedagógico, essa atividade de leitura exige a participação ativa do professor, pois ele deve estimular os alunos a se posicionarem criticamente diante do texto, pedindo-lhes que comentem as ações dos personagens e que reflitam sobre a situação apresentada, relacionando-a com fatos da vida real.
Por isso, a fábula não é um gênero que se destina exclusivamente ao leitor infantil. Ao contrário, nascida como fruto da observação do comportamento dos adultos, rende muito quando lida e estudada por leitores mais experientes, permitindo bons debates em sala de aula.
humano e as vicissitudes da vida, e não como uma forma de inculcar no leitor certas “verdades”. Do ponto de vista pedagógico, essa atividade de leitura exige a participação ativa do professor, pois ele deve estimular os alunos a se posicionarem criticamente diante do texto, pedindo-lhes que comentem as ações dos personagens e que reflitam sobre a situação apresentada, relacionando-a com fatos da vida real.
Por isso, a fábula não é um gênero que se destina exclusivamente ao leitor infantil. Ao contrário, nascida como fruto da observação do comportamento dos adultos, rende muito quando lida e estudada por leitores mais experientes, permitindo bons debates em sala de aula.
Atividade 1 – Construindo a compreensão do gênero
O professor distribui para cada grupo duas ou três fichas de cartolina, com um provérbio conhecido, esclarecendo que este é um tipo de frase lapidar, concisa e com um sentido exato e que apresenta um ensinamento proveniente da sabedoria popular. Entrega também fichas em branco para que os grupos acrescentem outras frases por eles conhecidas no mesmo estilo. Após uma pequena discussão, o grupo deve eleger a frase que, para a maioria, é a mais significativa, fazendo uma pequena exposição dos motivos e/ou ilustrando-a com situações cotidianas. Abaixo estão relacionados alguns exemplos de provérbios, com os nomes das respectivas fábulas a que se referem:
OBSERVAÇÃO: Ao distribuir as fichas com os provérbios, o professor deve ter o cuidado de não fazer a indicação dos títulos das fábulas, pois este conhecimento será inferido pelos próprios alunos.
Atividade 2 – Leitura de fábulas
O professor distribui para cada grupo duas ou três fábulas diferentes, as quais ilustram as morais anteriormente apresentadas. Os grupos trocam os textos entre si, até que todos tenham lido todas as fábulas. A atividade tem o propósito de familiarizar os alunos com a forma e a linguagem do gênero, além de ampliar o seu repertório.
Atividade 3 – Definindo a fábula
O professor solicita aos alunos que apontem, oralmente, características comuns a todos os textos lidos. O professor poderá fazer perguntas que chamem atenção para aspectos como brevidade da história, presença de personagens animais que agem como seres humanos, ausência de indicações precisas de tempo e espaço, explicitação de uma moral.
Formule agora um conceito para esse tipo de texto:
Fábula é _____________________________________________________________
Atividade 4 – Descobrindo significados
Procure no dicionário alguns significados da palavra “moral”.
a)________________________________________________________________________
b)________________________________________________________________________
c) _______________________________________________________________________
d) _______________________________________________________________________
e) _______________________________________________________________________
Atividade 5 – Estabelecendo valores
Complete o quadro abaixo, apontando, a partir da discussão com seus colegas de grupo, aqueles valores que, na opinião de vocês, são, em geral, aceitos pela sociedade, em oposição àqueles que são condenados:
Leitura compreensiva e interpretativa do texto
Atividade 6 – Leitura dramatizada da fábula “O lobo e o cordeiro”
A razão do mais forte é a que vence no final
(nem sempre o Bem derrota o Mal).
Um cordeiro a sede matava
nas águas limpas de um regato.
Eis que se avista um lobo que por lá passava
em forçado jejum, aventureiro inato,
e lhe diz irritado: - "Que ousadia
a tua, de turvar, em pleno dia,
a água que bebo! Hei de castigar-te!"
- "Majestade, permiti-me um aparte" -
diz o cordeiro. - "Vede
que estou matando a sede
água a jusante,
bem uns vinte passos adiante
de onde vos encontrais. Assim, por conseguinte,
para mim seria impossível
cometer tão grosseiro acinte."
- "Mas turvas, e ainda mais horrível
foi que falaste mal de mim no ano passado.
- "Mas como poderia" - pergunta assustado
o cordeiro -, "se eu não era nascido?"
- "Ah, não? Então deve ter sido
teu irmão." - "Peço-vos perdão
mais uma vez, mas deve ser engano,
pois eu não tenho mano."
- "Então, algum parente: teus tios, teus pais. . .
Cordeiros, cães, pastores, vós não me poupais;
por isso, hei de vingar-me" - e o leva até o recesso
da mata, onde o esquarteja e come sem processo.
La Fontaine. Fábulas, 1992.
(nem sempre o Bem derrota o Mal).
Um cordeiro a sede matava
nas águas limpas de um regato.
Eis que se avista um lobo que por lá passava
em forçado jejum, aventureiro inato,
e lhe diz irritado: - "Que ousadia
a tua, de turvar, em pleno dia,
a água que bebo! Hei de castigar-te!"
- "Majestade, permiti-me um aparte" -
diz o cordeiro. - "Vede
que estou matando a sede
água a jusante,
bem uns vinte passos adiante
de onde vos encontrais. Assim, por conseguinte,
para mim seria impossível
cometer tão grosseiro acinte."
- "Mas turvas, e ainda mais horrível
foi que falaste mal de mim no ano passado.
- "Mas como poderia" - pergunta assustado
o cordeiro -, "se eu não era nascido?"
- "Ah, não? Então deve ter sido
teu irmão." - "Peço-vos perdão
mais uma vez, mas deve ser engano,
pois eu não tenho mano."
- "Então, algum parente: teus tios, teus pais. . .
Cordeiros, cães, pastores, vós não me poupais;
por isso, hei de vingar-me" - e o leva até o recesso
da mata, onde o esquarteja e come sem processo.
La Fontaine. Fábulas, 1992.
O professor distribui a fábula para os grupos e solicita que preparem uma leitura dramática (três participantes fazem os papéis do lobo, do cordeiro e do narrador e os demais “dirigem” a atuação dos atores. O professor deve alertar os alunos para que as falas fiquem bem caracterizadas, de acordo com o que as personagens representam, e para que acentuem o ritmo e as rimas dos versos que compõem o texto).
OBSERVAÇÃO: O professor poderá esclarecer as dificuldades de vocabulário, acompanhando o ensaio dos grupos. Da mesma forma, deverá chamar atenção para a composição do texto na forma de versos.
Atividade 7 – Trabalhando a estrutura do texto
a) Enumere, pelos menos, três adjetivos definidores do caráter do lobo do cordeiro.
b) O encontro do lobo e do cordeiro acontece “nas águas limpas deum regato”. É possível determinar a localização exata do cenário onde se passa a ação? Justifique sua resposta.
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c) No verso “foi que falaste mal de mim no ano passado”, a expressão grifada permite situar a ação no tempo? Explique sua resposta.
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d) O que nos permite afirmar que o lobo e o cordeiro eram velhos conhecidos?
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e) Enumere os argumentos usados pelo lobo para justificar o castigo imposto ao cordeiro.
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f) A fábula apresenta um ensinamento ao leitor. Que ensinamento é este e quem o transmite?
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g) Por que o segundo verso – (nem sempre o Bem derrota o Mal) - está colocado entre parênteses? O que significa a expressão “nem sempre”?
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h) Complete a frase, explicando-a com as suas palavras:
A razão do mais forte é a que vence no final, pois _____________________________________
_____________________________________________________
A razão do mais forte é a que vence no final, pois _____________________________________
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Atividade 8 - Comparando versões de uma mesma fábula
a) Você vai ler agora como a fábula “O leão e o rato” foi contada por três autores diferentes – Esopo, na Grécia antiga, cerca do século IV a.C, La Fontaine, no século XVII, e Monteiro Lobato, no início do século XX.
O LEÃO E O RATO (Esopo)
O leão era orgulhoso e forte, o rei da selva. Um dia, enquanto dormia, um minúsculo rato correu pelo seu rosto. O grande leão despertou com um rugido. Pegou o ratinho por uma de suas fortes patas e levantou a outra para esmagar a débil criatura que o incomodara.
- Ó, por favor, poderoso leão – pediu o rato. Não me mate, por favor. Peço-lhe que me deixe ir. Se o fizer, um dia eu poderei ajudá-lo de alguma maneira.
Isso foi para o felino uma grande diversão. A idéia de que uma criatura tão pequena e assustada como um rato pudesse ser capaz de ajudar o rei da selva era tão engraçada que ele não teve coragem de matar o rato.
- Vá-se embora – grunhiu ele – antes que eu mude de idéia.
Dias depois, um grupo de caçadores entrou na selva. Decidiram tentar capturar o leão. Os homens subiram em suas duas árvores, uma de cada lado do caminho, e seguraram uma rede lá encima.
Mais tarde, o leão passou despreocupadamente pelo lugar. Ato contínuo, os homens jogaram a rede sobre o grande animal. O leão rugiu e lutou muito, mas não conseguiu escapar.
Os caçadores foram comer e deixaram o leão preso à rede, incapaz de se mover. O leão rugiu por ajuda, mas a única criatura na selva que se atreveu a aproximar-se dele foi o ratinho.
- Oh, é você? – disse o leão. Não há nada que possa fazer para me ajudar. Você é tão pequeno!
- Posso ser pequeno – disse o rato 0 mas tenho os dentes afiados e estou em dívida com você.
E o ratinho começou a roer a rede. Dentro de pouco tempo, ele fizera um furo grande o bastante para que o leão saísse da rede e fosse se refugiar no meio da selva.
Às vezes o fraco pode ser de ajuda ao forte.
ESOPO. Fábulas de Esopo, 1995.
O leão era orgulhoso e forte, o rei da selva. Um dia, enquanto dormia, um minúsculo rato correu pelo seu rosto. O grande leão despertou com um rugido. Pegou o ratinho por uma de suas fortes patas e levantou a outra para esmagar a débil criatura que o incomodara.
- Ó, por favor, poderoso leão – pediu o rato. Não me mate, por favor. Peço-lhe que me deixe ir. Se o fizer, um dia eu poderei ajudá-lo de alguma maneira.
Isso foi para o felino uma grande diversão. A idéia de que uma criatura tão pequena e assustada como um rato pudesse ser capaz de ajudar o rei da selva era tão engraçada que ele não teve coragem de matar o rato.
- Vá-se embora – grunhiu ele – antes que eu mude de idéia.
Dias depois, um grupo de caçadores entrou na selva. Decidiram tentar capturar o leão. Os homens subiram em suas duas árvores, uma de cada lado do caminho, e seguraram uma rede lá encima.
Mais tarde, o leão passou despreocupadamente pelo lugar. Ato contínuo, os homens jogaram a rede sobre o grande animal. O leão rugiu e lutou muito, mas não conseguiu escapar.
Os caçadores foram comer e deixaram o leão preso à rede, incapaz de se mover. O leão rugiu por ajuda, mas a única criatura na selva que se atreveu a aproximar-se dele foi o ratinho.
- Oh, é você? – disse o leão. Não há nada que possa fazer para me ajudar. Você é tão pequeno!
- Posso ser pequeno – disse o rato 0 mas tenho os dentes afiados e estou em dívida com você.
E o ratinho começou a roer a rede. Dentro de pouco tempo, ele fizera um furo grande o bastante para que o leão saísse da rede e fosse se refugiar no meio da selva.
Às vezes o fraco pode ser de ajuda ao forte.
ESOPO. Fábulas de Esopo, 1995.
O LEÃO E O RATO (La Fontaine)
Vale a pena espalhar razões de gratidão:
Os pequenos também têm sua utilidade.
Duas fábulas* mostrarão
que eu não estou falando senão a verdade.
Ao sair do buraco, um rato,
Entre as garras terríveis de um leão, se achou.
O rei dos animais, em mui magnânimo ato,
Nada ao ratinho fez, e com vida o deixou.
A boa ação não foi em vão.
Quem pensaria que um leão
Alguma vez precisaria
De um rato tão pequeno? Pois é, meu amigo,
Leão também corre perigo,
E aquele ficou preso numa rede, um dia.
Tanto rugiu, que o rato ouviu e acudiu,
Roendo o laço que o prendia.
Mais vale a pertinaz labuta
Que o desespero e a força bruta.
* Para ilustrar a mesma moral, La Fontaine conta, na seqüência, outra fábula, intitulada “A pomba e a formiga”.Vale a pena espalhar razões de gratidão:
Os pequenos também têm sua utilidade.
Duas fábulas* mostrarão
que eu não estou falando senão a verdade.
Ao sair do buraco, um rato,
Entre as garras terríveis de um leão, se achou.
O rei dos animais, em mui magnânimo ato,
Nada ao ratinho fez, e com vida o deixou.
A boa ação não foi em vão.
Quem pensaria que um leão
Alguma vez precisaria
De um rato tão pequeno? Pois é, meu amigo,
Leão também corre perigo,
E aquele ficou preso numa rede, um dia.
Tanto rugiu, que o rato ouviu e acudiu,
Roendo o laço que o prendia.
Mais vale a pertinaz labuta
Que o desespero e a força bruta.
La Fontaine, Fábulas, 1992.
O LEÃO E O RATINHO (Monteiro Lobato)
Ao sair do buraco viu-se o ratinho estre as patas do leão. Estacou, de pêlos em pé, paralisado pelo terror. O leão, porém, não lhe fez mal nenhum.
- Segue em paz, ratinho; não tenhas medo do teu rei.
Dias depois o leão caiu numa rede.. Urrou desesperadamente, de bateu-se, mas quanto mais se agitava mais preso no laço ficava.
Atraído pelos urros, apareceu o ratinho.
- Amor com amor se paga – disse ele lá consigo e pôs-se a roer as cordas. Um instante conseguir romper uma das malhas. E como a rede era das tais que rompida a primeira malha e fugir.
Mais vale paciência pequenina
Do que arrancos de leão.
Monteiro Lobato. Fábulas, 1994.
Ao sair do buraco viu-se o ratinho estre as patas do leão. Estacou, de pêlos em pé, paralisado pelo terror. O leão, porém, não lhe fez mal nenhum.
- Segue em paz, ratinho; não tenhas medo do teu rei.
Dias depois o leão caiu numa rede.. Urrou desesperadamente, de bateu-se, mas quanto mais se agitava mais preso no laço ficava.
Atraído pelos urros, apareceu o ratinho.
- Amor com amor se paga – disse ele lá consigo e pôs-se a roer as cordas. Um instante conseguir romper uma das malhas. E como a rede era das tais que rompida a primeira malha e fugir.
Mais vale paciência pequenina
Do que arrancos de leão.
Monteiro Lobato. Fábulas, 1994.
Agora, compare as fábulas, de acordo com os aspectos indicados no quadro abaixo, e veja o que muda e o que permanece nas suas sucessivas reescrituras:
b) Na comparação das diferentes versões, é possível perceber indicações que remetem ao contexto histórico no qual as fábulas foram escritas? Justifique sua resposta.
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Transferência e aplicação da leitura
Atividade 9 – Escrevendo uma carta
Escreva uma carta para um destinatário (alguém próximo de você ou uma pessoa conhecida do público), para quem você aconselharia a leitura dessa fábula. Não esqueça de apresentar-lhe as razões para isso.
Atividade 10 – Mudando o final
A fábula “O cordeiro e o lobo” de La Fontaine foi recontada por Monteiro Lobato, no livro Fábulas. Nesse livro, após cada relato, segue-se um pequeno diálogo das personagens do Sítio do Picapau Amarelo comentando a respeito da história que ouviram. Leia o comentário a essa fábula:
Estamos diante da fábula mais famosa de todas – declarou Dona Benta. Revela a essência do mundo. O forte tem sempre razão. Contra a força não há argumentos.
- Mas há esperteza! – berrou Emília. Eu não sou forte, mas ninguém me vence. Por quê? Porque aplico a esperteza. Se eu fosse esse cordeirinho, em vez de estar bobamente a discutir com o lobo, dizia: “Senhor Lobo, é verdade, sim, que sujei a água desse riozinho, mas foi para envenenar três perus recheados que estão bebendo ali embaixo”. E o lobo com água na boca: “Onde?” E eu, piscando o olho: “Lá atrás daquela moita!” E o lobo ia ver e eu sumia...
- Acredito – murmurou Dona Benta. E depois fazia de conta que estava com uma espingarda e, pum! na orelha dele, não é? Pois fique sabendo que estragaria a mais bela e profunda das fábulas. La Fontaine a escreveu dum modo incomparável. Quem quiser saber o que é obra-prima, leia e analise a sua fábula do Lobo e do Cordeiro (Lobato, 1994, p. 42-43).
- Mas há esperteza! – berrou Emília. Eu não sou forte, mas ninguém me vence. Por quê? Porque aplico a esperteza. Se eu fosse esse cordeirinho, em vez de estar bobamente a discutir com o lobo, dizia: “Senhor Lobo, é verdade, sim, que sujei a água desse riozinho, mas foi para envenenar três perus recheados que estão bebendo ali embaixo”. E o lobo com água na boca: “Onde?” E eu, piscando o olho: “Lá atrás daquela moita!” E o lobo ia ver e eu sumia...
- Acredito – murmurou Dona Benta. E depois fazia de conta que estava com uma espingarda e, pum! na orelha dele, não é? Pois fique sabendo que estragaria a mais bela e profunda das fábulas. La Fontaine a escreveu dum modo incomparável. Quem quiser saber o que é obra-prima, leia e analise a sua fábula do Lobo e do Cordeiro (Lobato, 1994, p. 42-43).
Siga o exemplo de Emília e reescreva a fábula, dando a ela um final diferente. Antes disso, leia algumas informações sobre La Fontaine:
Jean de La Fontaine é francês, nascido em 8 de julho de 1621 e falecido em 13 de abril de 1695. É principalmente conhecido como autor de fábulas, escritas em versos leves e rimados. Além de criar algumas fábulas originais muito conhecidas, representativas do contexto da aristocracia francesa do século XVII, como por exemplo, “O lobo e o cordeiro” e “A cigarra e a formiga”, reescreveu algumas fábulas baseadas em Esopo. Esopo foi outro grande criador de fábulas, que viveu na Grécia como escravo no século V a.C. Embora tivesse uma aparência estranha - consta que era corcunda - possuía o dom da palavra e a habilidade de contar histórias, que retratavam o comportamento humano através de personagens animais. Algumas dessas fábulas de Esopo são conhecidas ainda hoje, como “A raposa e as uvas”, “O leão e o rato”, “A lebre e a tartaruga”, entre outras.
Atividade 11 - Refabulando
Leia a fábula “A raposa e as uvas”, na versão de La Fontaine, e reconte-a utilizando as suas próprias palavras.
Certa raposa astuta, normanda ou gascã,
Quase morta de fome, sem eira nem beira,
Andando à caça, de manhã,
Passou por uma alta parreira,
Carregada de cachos de uvas bem maduras.
Altas demais – não houve impasse:
“Estão verdes... já vi que são azedas, duras...”
Adiantaria se chorasse?
(La Fontaine. Fábulas, 1992, p. 211).
Quase morta de fome, sem eira nem beira,
Andando à caça, de manhã,
Passou por uma alta parreira,
Carregada de cachos de uvas bem maduras.
Altas demais – não houve impasse:
“Estão verdes... já vi que são azedas, duras...”
Adiantaria se chorasse?
(La Fontaine. Fábulas, 1992, p. 211).
Atividade 12 – Trabalhando a ilustração
Observe a ilustração de Gustave Doré feita para essa fábula.
Agora, crie uma fábula a partir da ilustração.
Atividade 13 – Recriando fábulas
Leia a fábula original de La Fontaine “A cigarra e a formiga”. Depois, compare-a com as recriações de Monteiro Lobato e José Paulo Paes.
A CIGARRA E A FORMIGA
A cigarra, sem pensar
em guardar,
a cantar passou o verão.
Eis que chega o inverno, e então,
sem provisão na despensa,
como saída, ela pensa
em recorrer a uma amiga:
sua vizinha, a formiga,
pedindo a ela, emprestado,
algum grão, qualquer bocado,
até o bom tempo voltar.
"Antes de agosto chegar,
pode estar certa a senhora:
pago com juros, sem mora."
Obsequiosa, certamente,
a formiga não seria.
"Que fizeste até outro dia?"
perguntou à imprevidente.
"Eu cantava, sim, Senhora,
noite e dia, sem tristeza."
"Tu cantavas? Que beleza!
Muito bem: pois dança agora..."
Do livro Fábulas de La Fontaine, 1992.
A cigarra, sem pensar
em guardar,
a cantar passou o verão.
Eis que chega o inverno, e então,
sem provisão na despensa,
como saída, ela pensa
em recorrer a uma amiga:
sua vizinha, a formiga,
pedindo a ela, emprestado,
algum grão, qualquer bocado,
até o bom tempo voltar.
"Antes de agosto chegar,
pode estar certa a senhora:
pago com juros, sem mora."
Obsequiosa, certamente,
a formiga não seria.
"Que fizeste até outro dia?"
perguntou à imprevidente.
"Eu cantava, sim, Senhora,
noite e dia, sem tristeza."
"Tu cantavas? Que beleza!
Muito bem: pois dança agora..."
Do livro Fábulas de La Fontaine, 1992.
SEM BARRA
Enquanto a formiga
Carrega comida
Para o formigueiro,
A cigarra canta,
Canta o dia inteiro.
A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga.
Mas sem a cantiga
da cigarra
que distrai da fadiga,
seria uma barra
o trabalho da formiga
(Paes, s.d.).
Enquanto a formiga
Carrega comida
Para o formigueiro,
A cigarra canta,
Canta o dia inteiro.
A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga.
Mas sem a cantiga
da cigarra
que distrai da fadiga,
seria uma barra
o trabalho da formiga
(Paes, s.d.).
A CIGARRA E A FORMIGA (A FORMIGA BOA)
Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas, Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.
A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique, tique, tique...
Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
- Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.
- Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...
A formiga olhou-a de alto a baixo.
- E que fez durante o bom tempo que não construí a sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse.
V - Eu cantava, bem sabe...
- Ah!... exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
- Isso mesmo, era eu...
Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
Do livro Fábulas, Monteiro Lobato, 1994.
Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas, Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.
A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique, tique, tique...
Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
- Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.
- Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...
A formiga olhou-a de alto a baixo.
- E que fez durante o bom tempo que não construí a sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse.
V - Eu cantava, bem sabe...
- Ah!... exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
- Isso mesmo, era eu...
Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
Do livro Fábulas, Monteiro Lobato, 1994.
a) O que há de comum nas releituras que Lobato e José Paulo Paes, autores do século XX, fazem da fábula de La Fontaine, escrita no século XVII? É possível detectar uma mudança de moral de uma época para outra?
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b) Leia a fábula de Esopo “A raposa e o corvo”. Experimente introduzir modificações na história. Você pode alterar o final, incluir novos personagens e cenários, enfim, interferir no texto à vontade.
A raposa e o corvo
Um dia um corvo estava pousado no galho de uma árvore com um pedaço de queijo no bico quando passou uma raposa. Vendo o corvo com o queijo, a raposa logo começou a matutar um jeito de se apoderar do queijo. Com esta idéia na cabeça, foi para debaixo da árvore, olhou para cima e disse:
-Que pássaro magnífico avisto nessa árvore! Que beleza estonteante! Que cores maravilhosas! Será que ele tem uma voz suave para combinar com tanta beleza! Se tiver, não há dúvida de que deve ser proclamado rei dos pássaros.
Ouvindo aquilo o corvo ficou que era pura vaidade. Para mostrar à raposa que sabia cantar, abriu o bico e soltou um sonoro "Cróóó!" . O queijo veio abaixo, claro, e a raposa abocanhou ligeiro aquela delícia, dizendo:
-Olhe, meu senhor, estou vendo que voz o senhor tem. O que não tem é inteligência!
Moral: cuidado com quem muito elogia.
Do livro Fábulas de Esopo, 1994.
Um dia um corvo estava pousado no galho de uma árvore com um pedaço de queijo no bico quando passou uma raposa. Vendo o corvo com o queijo, a raposa logo começou a matutar um jeito de se apoderar do queijo. Com esta idéia na cabeça, foi para debaixo da árvore, olhou para cima e disse:
-Que pássaro magnífico avisto nessa árvore! Que beleza estonteante! Que cores maravilhosas! Será que ele tem uma voz suave para combinar com tanta beleza! Se tiver, não há dúvida de que deve ser proclamado rei dos pássaros.
Ouvindo aquilo o corvo ficou que era pura vaidade. Para mostrar à raposa que sabia cantar, abriu o bico e soltou um sonoro "Cróóó!" . O queijo veio abaixo, claro, e a raposa abocanhou ligeiro aquela delícia, dizendo:
-Olhe, meu senhor, estou vendo que voz o senhor tem. O que não tem é inteligência!
Moral: cuidado com quem muito elogia.
Do livro Fábulas de Esopo, 1994.
Atividade 14 – Organizando uma coletânea de fábulas
Você já deve ter reparado que cada bicho tem um jeito de ser, possui comportamentos e “humores” distintos um do outro. Organize, junto com o professor e os colegas, uma lista de animais, caracterizando-os de acordo com a natureza própria de cada um. Agora, é só escolher os bichos que farão parte de sua história, cuidando para representá-los de acordo com suas características, ou invertendo-as para obter um efeito de humor. A moral deve ser acrescentada ao final. O professor organiza a produção dos alunos em um livro e promove uma sessão de autógrafos na escola.
OBSERVAÇÃO: Com isso, os alunos estarão compreendendo que a fábula só “funciona” a partir de uma imagem plana e estereotipada do comportamento das personagens.
REFERÊNCIAS
ESOPO. 1994. Fábulas de Esopo. São Paulo, Companhia das Letrinhas.
ESOPO. 1995. Fábulas de Esopo. São Paulo, Loyola.
LA FONTAINE, J. de. 1992. Fábulas de La Fontaine. Belo Horizonte, Itatiaia.
LOBATO, M. 1994. Fábulas. São Paulo, Brasiliense.
Excelente!!!
ResponderExcluirTirei grande aproveito das ideias....
Nossa! me ajudou bastante a trabalhar com fabulas ,um dos generos que mais gosto.Valeu!!!
ResponderExcluirgente. muito obrigada! adorei as dicas. vão ser muito úteis em minhas aulas. obrigada!
ResponderExcluirgleyce
Parabéns pelo trabalho desenvolvido,amei!Me ajudou muito como trabalhar esse gênero em sala de aula.Valeu colega...
ResponderExcluirPedagoga-Cuiabá-MT
NOSSA AMEI OBRIGADUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!
ResponderExcluirADOREEEEEEEEEEEEEEEEEEEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirSUPER FANTASTICAS A SUAS IDEIAS,ME AJUDOU BASTANTE NA ELABORAÇÃO DA MINHA SEQUENCIA PARA TRABALHAR COM ESSE GENERO EM SALA DE AULA.
BEIJOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
SUCESSO QUE DEUS ILUMINE AS SUAS IDEIAS.
muito obrigada pela sua ajuda em finalizar meu seminario sobre:trabalhar com sequência didática, eu estava precisando de um prumo e graças a ti encontrei. DEUS te abençõe.
ResponderExcluirMuito legal!!!amei...
ResponderExcluirParabéns!! O material ficou maravilhoso. Me ajudou bastante, estava preocisando de umas idéias para fechar minha capacitação com professores do meu municipio a respeito de gêneros textuais. Obrigada!
ResponderExcluiramei, muito obrigada!!!
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