terça-feira, abril 05, 2011

TEXTO SOBRE TIRADENTES

 SUGESTÃO DE ATIVIDADES.


SOLICITE AOS ALUNOS QUE PRODUZAM UMA PEÇA DE TEATRO BASEADA NO TEXTO.
PODEM TAMBEM PRODUZIR UM DIALOGO ENTRE PERSONAGENS QUE RELATEM PARTE DO TEXTO.


TIRADENTES


Em 1746 nasce no Sítio do Pombal, distrito de São José-del-Rei (hoje Tiradentes), na capitania de Minas Gerais Joaquim José da Silva Xavier. É batizado em 12 de novembro.

Em 1755 morre sua mãe e em 1757 com a morte de seu pai, o garoto Joaquim José passa a ser educado por seu padrinho, com quem aprende o ofício de arrancar dentes e fazer curativos.

Alto, magro, forte e vesgo o menino virou rapaz, hábil no manejo dos ferrinhos com que arrancava dentes, ficou conhecido como Tiradentes. Mas suas aspirações iam além de Minas e dos trabalhos de dentista. Vira muita fortuna se formar, muito aventureiro enriquecer, muito ouro sair da terra. Portugal, com seu poderio reduzido, dependia das importações da Inglaterra, mas continuava a viver na ostentação. O que pagava quase todas as contas e o luxo Português, era o ouro do Brasil.

Tiradentes deixou de ser dentista, resolvendo primeiro transportar mercadorias numa tropa de burros e depois tentar a sorte nas minas de ouro. Não fez fortuna.

Assim, em dezembro de 1775 aos 30 anos, sentou praça na 6ª companhia de Dragões da capitania de Minas Gerais. Por ser branco e descendente de portugueses cristãos, teve o privilégio de ingressar nas armas como oficial. Tornou-se alferes, o que equivaleria hoje ao posto de 2º tenente.

Joaquim José, o soldado, destacou-se pela correção e coragem primeiro em Minas, depois no Rio de Janeiro, capital da colônia.

Em Minas Gerais, os anos passavam e Tiradentes continuava um simples alferes. Não era promovido, embora tivesse colegas mais novos na tropa que já eram capitães. Homem de confiança, escolhido para missões de responsabilidade, Tiradentes mais de uma vez acompanhou o Governador de Minas Rodrigo de Meneses, em expedições de reconhecimento dos sertões, viagens em que, além de soldado, ajudava como cirurgião, traçava mapas, pesquisava terras para mineração e identificava minerais. Mas não o promoviam. Era sempre alferes. A injustiça estava marcando a vida de Joaquim José.

Os brasileiros são sempre esquecidos, todos os favores vão para os filhos do Reino. Algumas velhas idéias vão ganhando corpo na cabeça de Tiradentes. E nas tavernas, nos quartéis e pousos de beira de estrada, o Alferes, com seu vozeirão, começa a fazer críticas ao Governo, explicando que os nacionais estavam condenados a pobreza e a ignorância.

Aos 41 anos de idade, Tiradentes dava sentido à vida entregando-se ao sonho da independência. Não podia ser feliz em meio a exploração de sua gente: queria o que em outras partes do mundo muitos homens também desejavam.

No ano de 1788, a rainha de Portugal, Dona Maria I, tinha duas preocupações: impedir que as idéias de liberdade entrasse no seu reino e recuperar as finanças do país. A arrecadação não mais atingia a quantia fixada, pois as minas estavam se esgotando.

O povo era obrigado a completar o total de impostos devidos com o seus próprios recursos. A Corte Portuguesa exigia novo recolhimento das taxas atrasadas. Seria mais uma derrama, com a desculpa de que não havia queda de produção e sim contrabando.

Desde março de 1787, desiludido da vida militar, o alferes Joaquim José pedira licença e seguira paro o Rio. Em Minas os ideais de libertação fermentavam, mas não explodiam. E Tiradentes foi tentar vida nova no Rio.

No Rio, Tiradentes elaborou projetos importantes: queria construir armazéns no cais, para proteção e guarda das mercadorias, e sonhava resolver o problema de abastecimento de água da cidade, canalizando os rios Andarí e Maracanã. Praticando a medicina para viver, foi, ao mesmo tempo, fazendo grandes planos de engenharia.

As suas diversas petições para obras na Câmara Municipal, e elas exigiriam enormes financiamentos. Joaquim José, agora misto de médico e engenheiro, pensou em recorrer à pessoas de importância, que lhe facilitassem a aprovação da Câmara. Foi procurar o jovem José Alvares Maciel, que acabara de concluir seus estudos em Portugal e Inglaterra. Joaquim José e Maciel não se conheciam. Mas alguma coisa os ligava: ambos eram de Minas.

Maciel chegava da Europa alimentando sonhos de independência. Joaquim José vinha de Minas, onde fervia a indignação contra o governo. Os dois se somaram.

A conversa desviou-se da engenharia. Joaquim José queria noticias da Europa, das novas idéias, dos movimentos de libertação. Maciel pedia noticias de Minas do estado de coisas, da política portuguesa. O rio ia continuar sem água, no cais as mercadorias ficavam expostas as chuvas e ao sol. Os dois homens tinham coisas mais importantes para discutir.

Terminada a licença, Tiradentes regressa a Minas na escolta da mulher de Barbacena, o novo governador. Sua recente conversa com Maciel, que prometera encontra-lo em Vila Rica, revelara-lhe o caminho a seguir.

Nos meses que se seguem, Tiradentes procura ler tudo quanto se relacione com a independência das colônias inglesas na América do Norte e com os ideais europeus de libertação. Essa literatura, rara e difícil de ser obtida, vem escrita em francês e inglês, línguas que o alferes não dominava. Por isso, procura auxílio entre os intelectuais. Tiradentes quer descobrir o caminho da independência.

Juntos de novo, Tiradentes e Maciel começaram a traçar planos. Precisam da participação de um chefe militar que possa sublevar as tropas contra a coroa. Uma coincidência os ajuda. O comandante do regimento em que o Alferes está servindo, Tenente Coronel Francisco de Paula Freire de Andrada, é cunhado de Maciel. Vão procurá-lo, precisam conquista-lo para suas idéias. Mas tudo tem que ser feito com muito cuidado.

O tenente-coronel está em casa, adoentado. Tiradentes passa a falar do desgosto do povo, dos temores que ameaça da nova derrama produzida, do sofrimento em que vivia toda gente. Maciel também presente começa abrir o jogo. E o tenente-coronel, pensando e ouvindo, concorda. Pronto: as tropas da rebelião contra coroa já tinha em Paula Freire o seu comandante.

A primeira reunião dos conspiradores aconteceu em fins de 1788 na casa do tenente-coronel Paula Freire. A eles se unira o Padre Carlos Correia de Toledo e Melo, vigário de São João-del-Rei, homem rico e influente. A conspiração foi acrescentando com a participação do Cônego Luiz Vieira da Silva, do Padre Oliveira Rolim e dos poetas juristas Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto. Com o correr do tempo, mais nomes se juntariam aos primeiros.

Tiradentes dá inicio a campanha revolucionária aberta. Num tempo em que criticar o soberano era crime gravíssimo. Tiradentes não quer que o povo de sua terra se revolte apenas para lutar contra impostos. Quer a liberdade do Brasil. E assim iniciou-se a Inconfidência, como seria conhecida a rebelião, já que os revoltosos estavam negando fidelidade a coroa portuguesa.

Os planos foram traçados: na ocasião da derrama, Tiradentes, depois de prender o governador despertaria Vila Rica aos gritos de Liberdade. A pretexto de restaurar a ordem, Paula Freire e suas tropas ocupariam a cidade e com Vila Rica sob controle, declararia sua adesão à inconfidência. As vilas vizinhas estavam prontas para dar o apoio preciso: O padre Rolim garantia a adesão de Serro Frio; o Cônego de Melo e seu irmão sargento-mor e comandante de cavalaria Luís Vaz de Toledo Piza, respondiam por São João-del-Rei, enquanto Alvarenga Peixoto vinha preparando a sedição na povoação de campanha.

Os inconfidentes sabiam que haveria luta. E se preparavam para ela.

A coisa entra em ritmo de urgência: Tiradentes queria que se proclamasse a republica, mas o nome do novo país não ficou decidido, porque a maioria dos conjurados queria antes saber até que ponto o Brasil estava disposto a livrar-se do domínio português. Redigem um projeto de Constituição; a capital deve ser transferida para São João-del-Rei: Vila Rica em troca vai ganhar uma universidade; debateram o fim da escravidão, mas deixaram a questão em suspense, já que alguns não acham o momento oportuno. Tiradentes propõe que a bandeira da nova República seja um triângulo simbolizando a Santíssima Trindade, riscado em vermelho sobre o fundo branco. Alvarenga sugere uma inscrição tomada ao poeto latino Virgílio: Libertas quae sera tamen - Liberdade ainda que tardia.

Agora é só esperar que Barbacena decrete a derrama. Os inconfidentes resolveram não mais se reunir: combinam uma senha: Tal dia é o "batizado". O batizado seria a data da derrama.



O Coronel Joaquim Silvério dos Reis, fazendeiro e minerador no lugar chamado Igreja Nova da Borda do Campo ( hoje Barbacena ), comandante de tropa em São João del Rei, pessoa de reputação duvidosa, chegou à conspiração através do sargento Mor Toledo Piza. Embora não apreciando, os inconfidentes aceitaram a aproximação. Silvério dos Reis devia enorme quantia ao Governo português e ficara arruinado com a derrama. Assim, os conspiradores julgaram poder confiar nele. Mas não lhes ocorreu, que para alguém como Silvério, havia formas mais fáceis e menores arriscadas de livrar-se de suas dividas. Introduzido no movimento, conheceu todos os segredos.

Mas eram outros os planos de Silvério dos Reis. Com todas as informações sobre a inconfidência, a quinze de março de 1789 correu ao palácio de Barbacena para trocar a cabeça dos companheiros pelo perdão das suas dívidas. Barbacena, para ganhar tempo, suspendeu imediatamente a decretação da derrama.

Nesse instante crucial, o Alferes Tiradentes não estava em Vila Rica: tinha ido ao Rio com a desculpa de ver como iam os seus requerimentos de obras públicas, para conseguir o apoio da guarnição carioca. Sua ausência auxiliou o desmoronamento da rebelião. Os conspiradores limitaram a aguardar os acontecimentos. E começaram as prisões.

A rebelião seria esmagada sem que um tiro fosse disparado. O delator Silvério dos Reis, que a mando de Barbacena foi espionar Tiradentes para facilitar ao Vice-rei o trabalho de prende-lo. O traidor encontra sua vítima e lhe relata os fatos de Minas: A derrama está suspensa, Barbacena desconfia de alguma coisa.

Tiradentes sente que a revolução corre perigo, mas não desconfia de Silvério e até lhe conta que estava sendo seguido que sabia serem soldados da capitania do Rio.

Vendo seus planos ameaçados, o Alferes decide voltar a Minas. E lá está o Alferes tramando plano de fuga, quando uma imprudência põe tudo a perder. Tiradentes queria notícias de Minas e para obte-las mandou um amigo, o padre Inácio Nogueira, a procura de Silvério dos Reis. Outra vez, o traidor foi fiel à traição e entregou o padre ao Vice-rei. O sacerdote inconfidente Inácio Nogueira resistiu o quanto pôde, mas as torturas acabaram por vence-lo, levando a indicar a casa onde estava Tiradentes. Uma patrulha saiu em sua busca . E é assim que, a 10 de maio de 1789, prenderam Joaquim José com uma bacamarte na mão, mas já sem poder resistir.

Enquanto isso, em Vila Rica os conspiradores se dividiam. Apenas o padre Oliveira Rolim tentava começar o levante de qualquer maneira, só desistindo quando achou que a tarefa tornara-se impossível.

Com a derrota, os homens revelavam-se: Alvarenga Peixoto aconselhava que, se fossem presos, deviam negar tudo; o Cônego de Melo, acovardado, recusava-se até falar no assunto e Tenente-coronel Paula Freire, a quem deveria caber a iniciativa de resistir ao Governo com seus soldados abandonou a cidade, indo para sua fazenda, de onde voltou para denunciar os companheiros e tentar salvar-se. Traiu, mas não conseguiu escapar.

As prisões foram numerosas. Ia começar a devassa, inquérito rigoroso para julgar os acusados de crime infame, segundo a coroa portuguesa. Por decisão Real, o processo correu no Rio de Janeiro.

No Rio de Janeiro, mantidos em celas individuais, só se avistando com seus interrogadores ou delatores com quem eram acareados, os inconfidentes aguardaram a sentença durante 3 longos anos. Completamente isolados do mundo, com os bens seqüestrados e a família posta na miséria, os prisioneiros esperavam.

O primeiro a ceder foi Alvarenga. Em lágrimas, sob a mais violenta crise, contou tudo. E um a um os outros todos se declararam culpados. Somente Gonzaga resistiu até o fim, insistindo na sua inocência, fortalecido pela absoluta falta de provas contra si.

Em três interrogatórios Tiradentes negou tudo. Mas no quarto, a 18 de janeiro de 1790, apareceu com resolução nova. Confessou. Não quis entretanto, que seu ato fosse inútil e, frustrado em libertar sua pátria, tentou ao menos salvar os companheiros. E confessou não só sua participação, mas assumiu a culpa de todos. Mentiu ser o único chefe e apresentou os companheiros como inocentes a quem pervertera.

No processo estavam envolvidos 34 acusados. Muitos tinham tido papel secundário, alguns nem mesmo participação ativa.

A 18 de abril de 1792, os 5 réus padres receberam a sentença: 3 deles, o Cônego Melo o padre Rolim e o padre José Lopes de Oliveira, foram condenados à forca; os outros dois atingidos pelo degredo perpétuo - seriam expulsos do Brasil e enviados para um lugar remoto, em alguma outra colônia, até morrem.

No dia seguinte 19, às 2 da madrugada os oficiais da justiça entraram na cadeia com a sentença para os 29 civis militares.

Os nomes dos réus com suas culpas desfilaram um a um até que o escrivão passou a ler as penas. Digno e sereno, Tiradentes ouviu a sua sentença.

- Portanto condenam ao réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha Tiradentes, alferes que foi da tropa paga da capitania de Minas, a que com braço e pregação seja conduzido pelas ruas publicas ao lugar da forca e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, onde em o lugar mais publico dela será pregada, em um poste alto até que o tempo a consuma; e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregado em postes pelo caminho de Minas no Sítio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve as suas infames práticas, e os mais nos sítios de maiores povoações até que o tempo também os consumam; declaram o réu infame, e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique, e , não sendo própria será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados.



Após a leitura da sentença, reunidos réus e confessores, houve muito choro, lamentações e pânico.

A um canto, com seu confessor frei Raimundo de Pena Forte, Tiradentes murmura quase numa oração: Se Deus me ouvisse, só eu morreria e não eles.

E, como se Deus atendesse ao apelo, no dia seguinte, todas as penas de morte foram comutadas para o degredo, exceto uma. A coroa fazia questão de enforcar ao menos um dos conspiradores, para que servisse de exemplo: Tiradentes fora o escolhido.

E na confusão, ninguém prestou atenção a Tiradentes; ninguém lhe agradeceu o papel heróico e digno. Somente Frei Penaforte recolheu-lhe as palavras:

- Dez vidas eu daria, se as tivesse, para salvar as deles.

A Rua do Piolho, onde está a cadeia, o largo da Lampadosa e o Campo de São Domingos estão cheios de gente. As janelas Estão apinhadas. As tropas fazem alas da cadeia ao Campo de São Domingos.

O objetivo da Coroa era fazer da execução uma festa. Mas na manhã ensolarada, a multidão tem o rosto sombrio.

Era o dia 21 de abril de 1792. O ar estava cheio de vozes e de tambores. As 7 da manhã, o negro Capitânia que vai servir de carrasco, entra no oratório da cadeia, onde está Tiradentes. Traz nos braços comprida e grossa corda e o camisolão branco dos condenados. Tiradentes está sem barba, o cabelo todo raspado, preparado para enfrentar a morte. O carrasco lhe pede perdão pelo que o obrigam a fazer. Tiradentes beija-lhe as mãos. E sem roupa alguma, veste o feio manto dos que vão para forca, dizendo:

- Meu Salvador morreu também assim, nu, por meus pecados.

Recebe no pescoço a corda do carrasco. Não são ainda 9 horas e começa o triste cortejo. Sai à frente uma companhia de soldados. Depois os frades dizendo orações. E, em seguida, Tiradentes, laço no pescoço, a ponta da corda segura pelo carrasco.

Os tambores não cobrem a voz de Tiradentes que reza com o povo. Súbito, no meio de uma frase, um baque surdo. O bater dos tambores cresce, o corpo de Tiradentes balança no ar.

São 11 horas e 20 minutos. O sol vai alto. Tiradentes está morto.

Na morte, venceu Tiradentes. Apenas uma semana depois da execução registrava-se um novo ato de desobediência ao Governo de Portugal: apesar da vigilância dos guarda, desaparece a cabeça de Tiradentes, embora possa Ter sido apenas um ato de piedade cristã, mostra também que o Governo não mais intimidava o povo. Os traidores souberam disso pelo rancor que a população lhes devotava.

Os habitantes de Minas Gerais estavam mais preparados para a revolta do que supunham os próprios inconfidentes. Não fossem a indecisão e a pusilanimidade de Paula Freire, o comandante das tropas, e é possível que a história da Independência do Brasil tivesse sido diferente. A cada instante tornava-se mais difícil a Portugal impedir que as idéias liberais se propagassem pelo Brasil. E, em cada novo pensamento rebelde, em cada gesto de desobediência política, em cada desejo de liberdade estava a sombra de um homem enforcado. Tiradentes mostrara o caminho.



RETIRADO DO  SITE 

http://bancodeatividades.blogspot.com/2010/04/texto-informativo-sobre-tiradentes-ii.html

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