Hoje é um dia muito importante na luta e no reconhecimento dos grupos LGBTTT, foi aprovado no STF a união homoafetiva. É um grande passo para a equiparação de direitos entre hetero e homossexuais e que para, ao menos, a legislação se torne menos conservadora, e caminhemos para uma sociedade onde certas diferenças sejam encaradas apenas como diferenças, e que todos possam viver sem discriminações e distinções. Não podemos esquecer que a aprovação dessa decisão não reflete necessariamente uma conjuntura favorável aos gays, vivemos com preconceitos velados (assim como os étnicos-raciais) que podem se tornar muito explicitos (aqui, aqui e aqui - só para citar os mais repercutidos), por isso, essa vitória deve continuar na discussão e pressão para o congresso aprovar a PLC 122 que criminaliza a homofobia. A mudança de mentalidade, é lenta, por isso, garantias legais são extremamente necessárias.
Com essa breve introdução/contextualização, não posso não escrever sobre outro tema que pairou sobre toda a discussão acima: a família. A discussão sobre os direitos de casais homoafetivos recai na questão da formação de uma família, do direito a adoção.
Já que uma das polêmicas também era que na Constituição família é entendida como a formação proveniente da ligação entre homem e mulher, e a mesma Constituição explicita a igualdade de todos indivíduos independente de suas especificidades.
E com isso, acho que todos conhecem o discurso dos bons valores, da família estruturada, do cidadão de bem. Se não conhece, bem, vou tentar mostrar que uma aula de Sociologia pode te ajudar com isso.
No estágio, o programa que segui na escola, me destinava um bloco temático de "Instituições Sociais", um prato cheio para poder trabalhar família não? Pois bem, pensando a partir das Orientações Curriculares para o Ensino Médio, um dos objetivos da Sociologia é desnaturalizar e estranhar a sociedade. Portanto, achei mais do que apropriado usar tais princípios para trabalhar Instituições Sociais.
Como estágios são curtos, não foram muitas aulas para família, mas foram bem interessantes. Comecei por um básico trabalho em grupo de "recorta e cola" com revistas, no qual eles deveriam responder pela colagem "o que família representa/significa para mim", e assim poder trabalhar em cima das produções. Obviamente, a maioria das famílias eram famílias brancas heterosexuais de pais e filhos, apesar de grande parte das minhas turmas não se encaixarem bem no "brancas" e possuírem os mais diversos arranjos familiares, em geral, contrapondo o "modelo monoparental".
No mundo dos conceitos se define de "Família monoparental" como o grupo de indivíduos que vivem juntos por laços sanguíneos a partir da união de homem e mulher. Famílias ampliadas são aquelas onde outros indivíduos compõe o grupo anterior, como por exemplo avós, tios, padrinhos/madrinhas, e quem mais estiver morando/sustentando juntos. Famílias rearranjadas são as famílias que surgem a partir de divórcios e novos casamentos. Além de comum a situação de famílias chefiadas apenas por mulheres, e em muitos países, e agora no Brasil, as famílias formadas por casais homossexuais.
Porém, nossa cultura nos diz que tudo que não é família monoparental, é errado, é desestruturada. Por isso, é fundamental que se trate isso, e se as famílias e a mídia em geral se abstém, a escola não pode se abster. O professor de sociologia não pode se abster desse debate. Se não falamos, auxiliamos a reprodução dessa sociedade preconceituosa, que simplesmente diz que duas pessoas do mesmo sexo não são boas o suficiente para criar seus filhos, ou que aqueles que não foram criados por pais e mães não tiveram uma "boa formação" e estão mais sujeitos a "desvios".
A questão não é mostrar que um é pior ou melhor que o outro, e sim que todos são possíveis e podem sim desenvolver relações satisfatórias as necessidades de cada arranjo
Depois, com aquelas produções, introduzi essas e algumas outras questões teóricas (que são muito práticas) e fiz mais uma dinâmica, o que acho que convém relatar outra hora.
Para finalizar, deixo dois vídeos, que traduzem muito bem os pontos acima.
Era uma vez outra família from Fagner Coelho on Vimeo.
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